quinta-feira, 2 de abril de 2015

Nem só de aves vive um birder!

Quando me preparo para sair a campo costumo checar os equipamentos: câmera, gravador, baterias, memory cards; me abastecer de água, um lanche rápido ou fruta; protetor solar, repelente, chapéu, roupas adequadas e traço um roteiro mental de aonde naquele dia - com aquelas condições de horário e clima - eu conseguiria encontrar as melhores espécies.  


Já é automático, mas o processo é sempre o mesmo, apetrechos - roteiro - mentalização. E é nessa hora, na mentalização, que eu tento me concentrar imaginando qual será a ave que vai pintar, aquele registro que vai fazer o coração acelerar e a mão tremer na hora do click...  

Provavelmente a busca desse momento especial, capaz de nos leva para longe da rotina, a elevar a adrenalina, que a grande maioria dos aficionados pelo birdwatching persegue, momentos que ficam marcados na memória para serem sempre lembrados.  Muitas vezes esses momentos são compartilhados com grupos, todos juntos vivendo a euforia de estar frente a frente com uma espécie rara, mas outras tantas ocasiões esse momento é só seu, e dificilmente alguém conseguiria explicar exatamente o que sentiu, é imensurável.

Nos últimos dias tenho saído bastante sozinho (separo os apetrechos - faço o roteiro - mentalizo), mas nunca sei ao certo que surpresa virá.  Ir ao local onde frequentemente ocorre uma espécie, não é certeza de que ela vai estar lá ou as vezes ela até está, mas não para você, não naquele dia...

Frustrações são parte do negócio, voltar chateado com a escassez de aves, ou aquele click com a câmera mal configurada que faz sobrar apenas o borrão na tela. Mas são estes dias, a rigor pouco estimulantes, que tornam os dias bons ainda melhores, afinal, o que seria do doce se não fosse o amargo!

Ultimamente tenho vivido nessa gangorra, saídas bem legais intercaladas com outras até decepcionantes. A época do ano favorece isso, pois no início do outono, a maioria das aves migratórias de verão já partiram e as de inverno ainda não chegaram... mas sempre tem as residentes, que são a grande maioria, algumas que mesmo sem querer acabam sendo renegadas em épocas mais agitadas e que acabam tendo sua beleza redescobertas neste períodos.  A exemplo disso fiz belos registros  de caturritas e das garças-brancas nesta semana:

 Caturrita
Bando de caturritas
Garça-branca-pequena
Garça-branca-grande
Outro momento de alta, foram os registros do martim-pescador-verde e martim-pescador-grande, sempre tão ariscos, foram ludibriados pela vestimenta discreta e movimentos lentos, acabaram permitindo eu chegar a poucos metros:
Martim-pescador-verde
Martim-pescador-grande
Mas como o título do post anunciou, nem só de aves vive um birder! e prova disso são os encontros menos esperados que temos eventualmente com outros animais da nossa fauna.  Ja faz algum tempo que tento documentar esses encontros não apenas com fotos mas com videos também.  Em 2015, já são cinco animais registrados, primeiro foi o preá, depois o lagarto-teiú, o ratão-do-banhado, e essa semana um veado-virá e um graxaim! 
Preá
Lagarto-teiú
Ratão-do-banhado
Veado-virá
Graxaim-do-campo
A região de Cruz Alta-RS, não oferece as melhores condições para esses animais, o desmatamento, a monocultura e a caça são alguns dos obstáculos à vida selvagem, mas ainda assim alguns insistem em resistir.

Um comentário:

Dante Andres Meller disse...

Muito bom Charles!!! Aqui no Turvo, por incrível que pareça, a melhor época é a dos residentes. Cada dia que passa tenho me convencido disso... nessa época eles ficam de donos da floresta. Excelentes fotos e texto, um grande abraço!!!